se você quer conhecer uma pessoa, comece por seu lixo. não pelo que contém, pois isso só interessa a cada um, e sim pela forma como ela acondiciona o material. mal amarrado? coisas saindo pela lateral? vazando? pode apostar, o dono do lixo é um preguiçoso egoísta. pouco importa se o lixeiro vai se cortar, arranhar ou infectar. problema dele.
e aí leio no Última Instância esta notícia sobre duas negligências abomináveis: o descaso com o lixo hospitalar e a lentidão da Justiça. eu disse Justiça? desculpe, foi por hábito. um gari contraiu o vírus da Aids em Brusque em 1995, ao lidar com o lixo de um hospital. processou a Prefeitura. a Justiça disse que a Prefeitura não era responsável. não era, não. a responsável era a minha mãe, todo mundo sabe disso.
o gari recorreu. nove anos depois, saiu em segunda instância a decisão a seu favor, estabelecendo uma indenização de R$ 75 mil. o caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça, que acaba de confirmar a responsabilidade da Prefeitura. doze anos depois, a indenização está em R$ 140 mil — e o gari está em estado terminal. é a Justiça brasileira ajudando as pessoas a construir uma poupança.
9 comentários:
Coitado, Márcia. POderia ter feito até tratamento nos EUA, se tivessem liberado a grana dele. Depois de morto, não adianta. Bjos
Eu sou bem limpinha. Sempre uso uma fitinha colorida para dar um laço no saco de lixo. Luxo!
não é por nada não, mas aproveitando... o meu pai tem um processo na justiça do trabalho há 15 anos. Detalhe: há dez já saiu o resultado, mas ele ainda não recebeu a indenização.
hoje em dia, falar "Justiça" no Brasil é questão de hábito. eu sempre me preocupo em enrolar em um jornal inteiro qualquer caco de vidro ou alguma coisa que tenha lâmina.
É Márcia, hoje em dia a palavra Justiça é usada num sentido pejorativo, né! Nada a ver com o sem sentido real... Muito triste essa notícia a que se referiu... e é uma em muuuuitas outras! Enfim...
Bjk
o meu pai (aquele, amigão do Mautner) está na mesma que o pai do Vini - ganhou uma causa contra o Estado de SP há uns 15 anos. Até agora, chongas... Agora consideremos que depois que o cara estiver morto, a família do gari não recebe mais nada, e já entendemos qual é a da justiça, aliás uma velha pudica de balancinha na mão e venda nos olhos.
A nossa justiça (com suas leis e regras), e os nossos "justiceiros", tem um medo enorme de errar, de cometer um engano. Com isto qualquer processo se arrasta para as calendas gregas. Ou seja, temendo errar, coisa que pode ocorrer, pois leis, legisladores e juízes são seres humanos, mas sempre dá para corrigir, criam um erro irreparável. Enquanto isto... os "mesmos" se aproveitam desta característica lesmísticas da nossa justiça para caírem na farra.
Triste. Tremendamente triste.
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Como tratamos o lixo e como consideramos lixo a vida alheia.
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abraço sertanejo.
Que absurdo.
Estava ontem mesmo pergunatndo para um amigo, diante de tanta barbaridade que a gente vê e ouve, quanto vale a vida?
triste.
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