09 abril 2007

dr. house



não sei quantas vezes comecei a escrever um post sobre House. não sobre o seriado “House”, mas sobre House, o personagem. aquele que podia dizer “my name is House, Gregory House”, e eu clamaria por umas literais bengaladas.

quando comecei a perceber o fenômeno Chico Buarque – ao qual Juremir Machado da Silva chegou a propor a criação de um genial “chicômetro” para medir “a sanidade das nossas quarentonas” – e um outro fenômeno de massa, o Alemão do Big Brother, foi que me dei conta da pertinência da velha questão freudiana: afinal, o que querem as mulheres? não sei. digam aí, mulheres: o que nós queremos? eu posso no máximo falar por mim. e eu, decididamente, quero House.

por que não quero Chico e por que não quero Alemão, mas quero House? conversas de mesa de bar, banheiros femininos e corredores são sempre muito proveitosas para quem quer entender a misteriosa “alma feminina”, seja lá o que isso signifique. em princípio, parece que a alma feminina gosta de poesia, chora pelos cantos, é delicada e sonha em atirar um buquê de flores de laranjeira para as amigas menos afortunadas. de tudo isso, eu só gosto da poesia, ainda que seja da forte, curta e demolidora. talvez só uma parte da minha alma seja feminina, quem sabe. ou talvez os autores que construíram este ideal romântico tenham esquecido de incluir gostos como os meus entre os próprios das mulheres. o fato é que, em um almocinho despretensioso outro dia, uma amiga disse: “o Alemão é tudo que uma mulher quer, ele é perfeito: é cafajeste e é carinhoso”. bingo.

fico pensando no Chico e acho, bem levianamente e sem pretensão sociológica, que ele faz hoje todo este sucesso com as mulheres porque elas gostariam de ser Marieta Severo. foi com Marieta que ele dividiu a cama e os segredos. o sucesso um tanto histérico com as mulheres não advém exatamente, ou apenas, de sua música. um cara que viveu tantos anos com uma mulher deixa no imaginário de todas as outras que poderia fazer isso de novo, se encontrasse a mulher certa. e, bem, toda mulher se acha pelo menos um pouco certa.

teve ainda aquele lance um pouco cafajeste do Chico que acabara de se separar e pegou uma mulher casada, lembram disso? um encontro na praia, totalmente plantado pela assessoria dele, e que escreveu um “trouxa” na testa do maridão traído. ali começou a se desenhar a imagem de um Chico sexuado, nada tímido, que se deixa fotografar beijando (carinhosamente?) uma bela mulher casada.

Alemão, o Diego do Big Bosta Brasil, também mexeu com os hormônios femininos. as mulheres que se derretem por Alemão querem ser um pouco Siri, a caipira que parece ter conquistado o coração do caçador. Alemão fez todos os truques e jogou todos os joguinhos típicos dos cafajestes, inclusive as artimanhas do bom-moço. as mulheres caíram. e babaram. e eu corro o risco de apanhar só ao escrever isso.

antes que me trucidem, não estou comparando Chico Buarque a Alemão. ouvi Chico a vida toda. gosto mais do Chico antigo do que do Chico atual, mas continuo respeitando seu trabalho. estou falando de algo que vai além de sua obra, de sua poesia e de seu talento: estou falando de um imaginário sobre o “homem Chico”, que faz a maior parte das mulheres simplesmente delirar. algo que talvez nem mesmo o Chico compreenda bem. sobre o Alemão, bem, ele é isso. construiu uma imagem e vai viver dela enquanto o público pagar pra ver. as mulheres sustentam esta imagem, e os homens acabam reproduzindo o que pensam que as mulheres querem. e querem mesmo, a julgar pelas conversas de bar e pelos relatos das minhas amigas.

e House, dio santo? House é cínico até o ossinho. House não acredita em deus. destrói as crenças alheias com o uso do órgão sexual mais poderoso do ser humano: o cérebro. cada avanço de sua engenharia cerebral é um ponto na conquista do meu coração – é, eu sei que esta frase ficou cafona, mas eu sou uma pinta cafona. ele tem aquela mistura indescritível que atrai as mulheres, de um homem que não precisa de ninguém e que ao mesmo tempo precisa muito de qualquer coisa que você estiver disposta a dar, nem que seja um cappuccino. House tem um passado que não usa como moeda de chantagem, mas que está inscrito no corpo para dizer “não nasci ontem, não sou idiota”. não confunde generosidade com complacência. tem humor ácido, ferino, inteligente. e pode morrer com um segredo na boca, se isso for necessário para salvar um amigo.

mais importante que tudo: House sabe viver sozinho. não vai sofrer se você escolher ficar em casa numa sexta-feira enluarada, ou se você decidir sair com um amigo. ele sobrevive à sua ausência. House tem prazer no seu pôquer, no seu sofá e nos seus pacientes – ainda que pareça ter prazer mais pelo desafio da descoberta do que os pacientes têm do que propriamente pelo bem-estar deles. ele tem prazer até mesmo com suas próprias dependências e com seus próprios defeitos, o que significa também que pode aturar os seus defeitinhos, garota – embora todos saibam que nós, mulheres, não temos defeito algum.

House tem aquele olhar pidão de cachorro abandonado que logo esquece a carência e brilha porque alguma idéia interessante lhe passou pela mente. sim, tudo passa naquela mente. existe vida naquela mente. é por isso que eu quero House. porque ele é ateu, cínico, solitário, engraçado, leal, seguro e cheio de pequenas necessidades. mas principalmente porque ele tem aquele cérebro. piu piu.
update: se você chegou a este post pelos mecanismos de busca, talvez queira ler também este aqui, do dia 21 de março de 2008. just in case.

39 comentários:

Anônimo disse...

house é aquele médico que pegou o vôo 815 em Sidney e foi parar numa ilha no meio do nada? ahhh, não... esse é o lost né?
PS - Obrigado pelo link no blog thesis...

Fabi disse...

A alienada aqui não sabe quem é...
Mas pela foto... hmmmmmmmm...
Parece que gostei.
Um certo ar de cafageste
Ui!
Beijão, to voltando sempre!!

Carmencita disse...

Se ver você feliz ao lado dessa coisa medonha for o preço para eu poder agarrar o seu inebriante buquê de flores de laranjeira, até faço um sacrifício de ir às suas núpcias.

Já em relação a esse alemão fajuto, ele só ficou gostando dessa monga porque ela se fez de difícil. Os brios de homem que ele tantas vezes bradou não podiam levar esse desaforo para casa. Pior para ele. Preferiu levar para casa o trubufu histérico.


Um grande beijinho!

Carmencita disse...

Você escreveu cafaJeste(s) 3 vezes. E bem direitinho.

Penkala disse...

uh, sim, sim, sim.

(tem um sujeito na sala da minha casa, a quem eu chamo marido, que vê house desesperadamente e me confidencia: eu sou o house. não é possível, esse cara é igual a mim. eu ignorei, até o dia em que vi house. eu, uma fã de Gill Grissom, do tipo "Gill, quero ser tua Lady Heather". vi house e amei house. vou acabar então esse comentário e ir pra sala, tratar de oferecer mais um nacho pro meu house. qualquer dia dou uma canelada pra ver se ele manca. e capaz de eu fazer uma piada infame pra ele, algo tipo "tá precisando duma penkala pra andar?")

ok, chega.

puta-que-me-pariu, acabo de começar a me viciar em outro seriado. fuck.

Professor Howdy disse...

Hello!
Very good posting.
Thank you - Have a good day!!!

Anônimo disse...

Neném, fiz um trackback para este seu post mas então me lembrei que o Blogger não aceita trackback... :(
Então vá lá em casa prá ver!

Beijo,

Clélia Riquino disse...

Teresinha
Chico Buarque/1977-1978

(Para a peça "Ópera do Malandro", de Chico Buarque)

O primeiro me chegou
Como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia
Trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens
E as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio
Me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada
Que tocou meu coração
Mas não me negava nada
E, assustada, eu disse não

O segundo me chegou
Como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente
Tão amarga de tragar
Indagou o meu passado
E cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta
Me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada
Que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada
E, assustada, eu disse não

O terceiro me chegou
Como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada
Também nada perguntou
Mal sei como ele se chama
Mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama
E me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro
E antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro
Dentro do meu coração

Pinta,

Também não sei quem é o "House" ou qual é a série... Mas vou de Chico, ao menos na poesia!

bjo,
Clélia

MC disse...

eu AMO house! com todas as minhas forças! meu "about me" está com a letra da música do the who que ele dedilha o teclado ao final do episódio "control", da primeira temporada, o melhor desta! tua tese do cérebro dele diz tudo, mas eu não queria casar com ele... prefiro o jack sparrow :P

Thelma disse...

O House é um fenômeno mundial. Tem muita mulher louquinha por ele. E homens tb.
O Chico é um docinho, um meiguinho.
Nunca ouvi falar no Alemao.

Anônimo disse...

Nossa, tô sem ar! Fiquei “precisando” do House empurrando um cappuccino com a bengala...

Unknown disse...

agora que entendi teu recado no orkut!
eu tb não sei quem é o House, mas eles por eles, eu prefiro o George Clooney, huáhuáhuá.
vou procurar conhecer o cara.

Maroto disse...

que pinta modesta, pra que um homem só quando a gente pode ter váááários?

Anônimo disse...

Eu adoro House, aqui na Espanha estamos assistindo a 3ª Temporada, e que e melhor...esta serie passa em um canal normal...nao necessito de satelites....
E impedivel, hoje mesmo as 22hs estarei sentada no sofa, latinha de erveja na mao, cigarrinho esperando no cinzeiro e me deliciando com as ironias de House...
Beijinhos carinhosos do outro lado do oceano

Adriana Amaral disse...

Pinta,o imaginário do chico passa muito longe do meu... ui,sinceramente acho q ele só fica vivendo dasglórias do passado e seurepertorio atual sucks. eu respeito a obra docara, mas ai acha-lo interessante, to fora. Apesar de sempre ter sido uma compulsiva por loiros e braquelos em geral, o Alemão deve ser um tédio uiui.. mesmo bonitão e tudo, não chama minha atenção. O House é sim, muito interessante...

Anônimo disse...

Consultório Sentimental Sexual da Pinta em pleno funcionamento. Escreva sua cartinha com seu problema ou tara e aguarde resposta.
-
Homens que também querem, nessa ordem:
1-Comer House
2-Ouvindo Chico
3-Detonando (literalmente) esse tal idiota alemãoBBB
também pdem marcar consulta?
-
Bjos.

Chawca disse...

Primeiro Piu...

Segundo, obrigado pela visita e pelo comentário, e volte sempre..

Terceiro, não sei quem é esse House, não tenho TV a cabo pra ver essa série. E as mulheres da minha familia detestam o Alemão....
Tem gosto pra tudo nesse mundo..

Quarto, o Chico músico antigo é bem melhor que o atual...

Há braços...

Rosamaria disse...

achei o "Dr. Enxaqueca", na Monet do mes passado. vou me atualizar.

Anônimo disse...

Parece que ele não é reclamão e isso é muito bom.

LU K. disse...

Primeiro: adoro House, e odeio o Alemão (veja bem, o alemão do BBB, porque alemão em si faz parte desta alma germânica).
Segundo: estou com saudades da Fabico, de Porto Alegre e você!!!

Terceiro: ok... até agora aposto que você nem lembra de mim... é a Luciane Kohlmann, tua antiga aluna... q foi pro Terra, Gaúcha, RBS e hoje passou por Globo e está no Canal Rural de São Paulo.

Quarto: criei um blog tb... principalmente pq estou longe de tudo e todos... qdo der, dá uma passada lá!

Beijocas

Marcia disse...

Rogerio, acho que tu tá meio lost. :P

Fabi, a foto não faz jus. precisa ver a reboladinha que ele dá quando sai mancando. :D

Carmencita, minha rainha. que núpcias, xuxu? QUE núpcias?

Penkala, adoro trocadilhos.

Little Lion, já fui, já briguei, já dei piti. bem mulherzinha, como vc queria.

Clélia, ele é mesmo um grande poeta.

MC, mais uma querendo me casar? :o

Thelma, a gente vê que o cara é bom quando alguns homens também se derretem. e se vc não sabe quem é o Alemão, acredite: não está perdendo nada.

Josi, só vê se não mata o cara com um cappuccino de dois litros. :P

Rosinha, vc sabia que o George Clooney tem um porquinho de estimação? pois é, pinta também é cultura.

Urubu, se um só já dá trabalho, quem é que agüenta váááááários?

Adriana, viu só o poder da globalização?

Lady A., interessante, interessante. assim, de longinho.

Raimundo, entre na fila. :P

Chawca, bem-vindo. :)

Jousi, isso, isso: parece que ele não vai ficar reclamando de qualquer coisinha. embora seja difícil definir "qualquer coisinha", claro.

Lu, que bom ter notícias suas. vou lá ver seu blog. :)

Unknown disse...

claro que sabia, pinta!!!! e é rosa!

Carmencita disse...

Foi você mesma que falou em sonhar. Vá sonhando então.

Um grande beijinho!

Graziana Fraga dos Santos disse...

não conheço o House..hehehehe

Bom eu gosto do chico por suas poesias, sou fã do poeta/personagem, não dele como homem...
mas como não conheço o House, nem vou escolher o Alemão, fico com a poesia do Chico ;)
bjinho

Anônimo disse...

Ah, eu amo o House!!!!


Abs

Lu disse...

Decididamente, não gosto dele! Mas amo meu marido que tem aquele humor negro dele e algumas outras coisitas. Claro, ele adooora, eu odeio. Prefiro..... prefiro....... prefiro...... Richard Gere! hehehehe

Eu não sei, você sabe? disse...

Não conheço o HOuse, mas comecei a ter uma quedinha por ele, devido sua apresentação!Ah, mulheres apaixonadas...
Sei o que quero, mas não ouso "piar"...rsrs. Não passa perto nem de chico, muito menos de alemão.
Ótimas conclusões acerca do desejo feminino. Só faltaram algumas considerações sobre a inexplicável força que nos atraem os homeossexuais irreversíveis.

beijos

Anônimo disse...

Faz muito tempo que não perco o House, é tudo de bom, além do mais já aprendi um monte com ele (risos). Quanto ao alemão - odeio BBB - e nunca assisto. bjs.

Anônimo disse...

O anônimo aí sou eu, culpa do House, fiquei nervosa e esqueci de assinar. beijinhos

Ana Paula Montandon disse...

Márcia,
Eu tô mais afinada com você neste quesito... o cérebro me atrai mais que o físico! Beijinho!

Vini disse...

depois desse post tenho ainda mais motivos pra colocar no meu currículo: "marcia foi minha profe". :D
concordo com tudo q vc diz...

FELICIDADEetrist... disse...

Adorei a idéia de gostarmos do Chico por causa da Marieta... Muito bom o texto!
Cheguei por indicação e adorei!
Bjs!
Lu

Anônimo disse...

Oi, Márcia! Cheguei aqui pelo INDIZÍVEL, de Léo, que por sua vez, conheci pelo LIPERAMA de Felipe Botelho; essa coisa doida (e boa) de ir clicando nos blogueiros...
Bom, na verdade, vim tirar a prova sobre a admirável teoria desses cérebros-masculinos-inteligentes-e-que-atraem-por-isso-mesmo, e fico feliz por saber que não tô surtando: QUE BOM QUE NÃO SOU A ÚNICA! Também sou aficcionada pelo GRISSON e, quando vi HOUSE, me perguntei como um ator desses pôde, um dia, fazer o pai do STUART LITTLE? hehehehe

Curto o antigo Chico e abomino o jeito sonso do Lemão.

Beijim,
Tommy

Anônimo disse...

Pois é dona Marcia Benetti Machado, até acho legal essa série, mas assim como o Dr. Housessss vc não passa de uma grande farça

Anônimo disse...

esqueci de enfatizar é farÇa......

Marcia disse...

faz um favor pra mim? escreve lá no post mais recente? tá me dando um trabalhão achar este post antigo pra conversar contigo... :(

Aleksandra Pereira disse...

Adooooro House. E o adoro justamente por ele ser o House. Preciso de um desses na minha vida de vez em quando, sem luva de pelica, preto no branco, sem dó.
E como médico, na boa, se um dia ficar ruim, também quero um assim (como sempre diz minha mãe, "o que arde cura")

Tô de volta, e cheia de saudades e de novidades para ler!
Beijo grande.

Flavia disse...

Acho que você descreveu tudo o que as mulheres precisam em um homem e nao descobriram ainda. House é tudo o que eu sempre quis, pena que só o vejo pela telinha msm, só me resta encontrar um que seja = a ele...o que acho mto difícil, mas se vc achou eu tbm vou achar, com sorte!
Abraço

Federal Futebol disse...

Então...O seriado House md. é considerado um dos melhores seriados de todos os tempos...Isso ocorre pq o House é daquele jeito...
Mas ele é de mais...Suas expressões faciais...Jeito Sarcástico...etc...
Concordo com vc em quase tudo... Só que as mulheres não gostam de homens cafajeste....Vc queria um cara que vivesse debaixo do mesmo teto q vc e "mordesse" outra na esquina?
Então devemos pensar mais sobre isso...ou então seremos levados a gostar de tudo q é imposto pela mídia...