estou devendo à Maristela a resposta ao meme “o que estou lendo”. adoro estas galinhagens, elas fazem o mundo dos blogs girar. fora os acadêmicos, estou lendo dois livros por puro prazer.
o primeiro se chama “O mundo da astrologia: estudo antropológico”, de Luís Rodolfo Vilhena (editora Jorge Zahar, esgotado). foi publicado no início dos anos 90, fruto de um mestrado em Antropologia Social, orientado por Gilberto Velho. Vilhena entrevistou grupos de estudo de astrologia, astrólogos e consulentes, freqüentou cursos de formação e analisou a bibliografia sobre o tema. conclui que existe uma vasta literatura produzida por astrólogos, uma bibliografia restrita historiográfica e uma produção quase inexistente de caráter sociológico ou antropológico. é neste último campo que sua obra se inscreve.
o livro de Vilhena é particularmente interessante porque, além de apresentar o sistema sobre o qual se assentam as leis da astrologia e suas crenças, discorre sobre os discursos dos sujeitos que re-significam essas crenças, por meio de vários simbolismos, em suas vidas cotidianas. toda a cosmologia que envolve as classificações primárias dos quatro elementos – água, fogo, terra e ar – baseia-se na física aristotélica, hoje plenamente ultrapassada. no entanto, a astrologia trabalha sobre dados sensíveis, e isso parece bastar para manter, no imaginário contemporâneo, a validade de um pensamento que a ciência já superou.
o antropólogo comprova, em sua ida a campo no Rio de Janeiro, que o homem necessita simbolizar o que não compreende, ainda que de algum modo saiba que a validade de seu pensamento é limitada ou mesmo nula. esta crença, que transitaria entre uma “fé astrológica” (totalmente positiva) e o ceticismo ou a indiferença, encontra regiões nebulosas de desconfiança ou sentimentos ambíguos, uma espécie de “crença intermitente”. como eu gosto de tudo que diz respeito à astrologia, ao tarô e à leitura das linhas da mão, estou degustando este livro há muito tempo, renovando na biblioteca da Fabico até que alguém peça por ele.
o segundo livro que estou lendo está sendo puro deleite. é “O meu pipi”, de autor anônimo, traduzido pelo Mário Prata (Ediouro, R$ 30,00 na Cultura). é uma coletânea de textos publicados no blog português O meu pipi, cujo último post, devo avisar, é de 2003. se você tem menos de 18 anos ou não gosta de palavrão, não leia. o blog é pura putaria, e o livro é putaria selecionada e bem traduzida. o dono do referido pipi faz de tudo, e conta tudo que faz. também conta tudo que imagina, e a fronteira entre o que é real e o que é imaginação não faz a mínima diferença.
você pode abrir o livro em qualquer página. são pequenos posts, para ler em qualquer lugar. está bem, cuidado onde for ler. a risada será inevitável, e você sabe que risadas atraem curiosos, e nem sempre os curiosos são condescendentes com putaria literária. há sempre uma freira de plantão para fazer aquela cara sisuda. eu estou achando o livrinho muito divertido. ele faz até um Guia Michelin das Putas de Portugal. este Pipi é um debochado.
bem, vamos passar adiante esta dignificante corrente. além das pessoas que a Maristela já convidou (Sean, Grazi, Ederson e Vivien), eu adoraria saber o que alguns de meus amigos blogueiros estão lendo: Carrion, Arnaldo, Thelma, Adriana, Urubu, Penkala, Rosa, Ana, Leonardo, Reges, Rogerio, Laura, MC, Zeca, Tita, Marcos, Tarcio e quem mais se dispuser a responder. leitura é sempre bom.
23 comentários:
Boa Pinta,
Obrigada pela mensagem carinhosa, sim aniversario com medo da escalada rumo aos "enta".
Andava pensando mesmo em escrever sobre o que ando lendo e esse seu convite é um reforço ao meu desejo, vou aceitá-lo.
Gracias!
Tita
Que vergonha!
Mal tenho lido jornal...
Preciso arrumar tempo pras coisas que gosto, estou com 2 livros pela metade.
Beijos , ótima semana e boa leitura!
Você me considera uma inimiga blogueira?
Um grande beijinho!
eba! já vou postar :)
Nunca tinha lido sobre o referido pipiblog! Vou espiar... Hehehe
O livro deve ser hilário!!! :D
Bom, vou fazer minha listinha... hehe
Neném, acho que já respondi essa no meu post retrasado, aqui.
Tenho fixado em military thrillers de uma forma geral e o "titio Tonho" (Tom Clancy) virou camarada porque já foram mais de 15.000 páginas de uma novela distribuida em vários livros, da qual já estou no 11º: Espionagem, diplomacia, covert ops, law enforcement, estratégias militares, burocracia, mídia, tecnologia, demagogia, poder, corrupção... o de sempre.
Beijo,
como não leio livros acadêmicos, só leio por puro prazer, pinta.
mas vamos lá...
Márcia,
Estou lendo dois livros ao mesmo tempo. Um deles é o que está indicado como dica no meu blog, naquela coluna 'a direita. Trata-se de O Mito das Nações de Patrick J. Geary. Assim que eu terminá-lo, devo comentar. Leia sobre ele no site http://www.lojaconrad.com.br/Historia/O_Mito_das_Nacoes.asp . O outro é Contos eternos latino-americanos e pode-se ler sobre ele no site http://www.revistamuseu.com.br/noticias/not.asp?id=7010&MES=/10/2005&max_por=10&max_ing=5 . Este, eu devo indicar no blog, assim que terminar o primeiro.
depois eu respondo...
Considero-me incluída em (...) e quem mais se dispuser a responder:
Estou lendo "Deus-dará", de Ana Miranda [2003, Editora Casa Amarela], do qual comento uma crônica, no meu blog, associando-a a uma música & um filme ('cê já passou por lá, inclusive, e viu).
Gosto muito dos livros do Mario Prata, mas este eu não conheço (a capa, no entanto, não me é estranha), nem o tal blog português (darei uma olhada).
leitura, realmente, é sempre bom!
bjinho,
Clé
sua sapequinha, roubou todos da minha lista para passar a corrente da leitura. mas tá perdoada.
Show esse "o meu pipi"!!!! hahahaha....
Quando der, faço um posto no meu blog, ok??
Márcia. Bem antes de a astrologia ser matéria de estudo realmente sério, me lembro de ouvir, no rádio (onde comecei, na Gaúcha), o Omar Cardoso e o vozeirão da Zora Yonara. Custei a lembrar o nome do Omar, fui fuçando no google e terminei num site chamado Constelar, que conta a história da astrologia no Brasil. Não tava levando muita fé quando vi o nome do Antonio Carlos Harres no pé do site, assinando textos. O Bola foi jornalista, cheguei a trabalhar com ele na ZH, mas ele já estava indo embora pro "Centro", atrás de suas histórias de mapa astral. Hoje, continua sendo um respeitável conhecedor do assunto.
bjs
maris
meme recebida, arrespundida e postada. invejei o O MEU PIPI.
Você mandou. Eu fiz. Vai lá ver...
ah, eu folheei "o meu pipi" certa vez, mas achei, realmente, muita putaria literária para quem estava apenas procurando um livro pra ler nas férias.
já falei do duda mendonça, o livro que acabei de ler lá nos meus escritos... agora comecei a ler outro: Carisma, bem interessante ;)
tá respondida!!! olh la
Não tenho lido nadinha!!
Que coisa...
Claro que vou lá ver o blog português! :)
Vou postar
Como bom brasileito, fiquei mais curioso pelo livro do Pipi....
Vou procurar por aqui...
Pelo presente eu CARRION, http://ohedonista.blogspot.com venho a declarar aos 2 dias do mes de junho do Anno Domini de 2007, quinquagésimo oitavo do meu aniversario, que ando lendo AS PROSTITUTAS NA HISTÓRIA de Nickie Roberts, O NASCIMENTO DA TRAGÉDIA ou Helenismo e Pessimismo do NIETZCHE e para deixar os neuronios darem uma descansada, HITLER, O RESGATE DE MUSSOLINI. Que serve para mostrar como em determinados momentos a indecisão de alguns (do rei Vitor Emmanuel e do Marechal Badoglio) e a prepotência de outros (Churchil e Eisenhower), puderam ajudar a guerra a se prolongar por tantos meses a mais, ao custo de milhares de mortos.
Assim como os normais, sempre estou a ler dois, três livros. Um nas horas de espera ( filas, intervalos, viagens) outro no banheiro e outro –ou os anteriores-antes de dormir, na cama.
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O que estou lendo:
História da Alimentação no Brasil –Luís da Câmara Cascudo
Presente do meu amigo Fabian, que conseguiu num sebo em Recife. Desculpem o trocadilho mas é uma leitura deliciosa. Em se tratando de Cascudo todos os elogios são verdadeiros e insuficientes: notável, admirável, lúcido. Meu propósito é ler toda a obra desse genial brasileiro que me contagia com seu amor à cultura brasileira e consegue ser erudito, profundo e ainda assim compreendido por um leitor tão mediano quanto eu.
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Mercado religioso no Brasil – Competição, Demanda e a dinâmica da esfera da religião. Também presente de outro amigo, o autor Lemuel Guerra, doutor em Sociologia. Ele se debruça sobre o processo de transformação da religião em item de consumo e defende a tese de que para entender o fenômeno da religião na atualidade é preciso considerar esse campo em termos de mercado. É um livro difícil para mim, não por causa do autor, de quem se diz, no prefácio: “Lemuel é de uma empatia, de uma sensibilidade, de uma mansidão que não são muito comuns noutros autores de origem protestante(...)Ele segura o método como se deve segurar um pássaro ou uma espada”. Ainda estou patinando no primeiro capítulo e acho que foi por isso (não por modéstia) que Lemuel, o safado, escreveu na dedicatória:Querido Tárcio, vê se dá pra ler, certo? Beijos, com admiração.
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Volta à infância -Povina Cavalcanti – Memória e biografia estão entre minhas leituras preferidas. Peguei na Biblioteca Municipal, é uma edição dos anos 80, da José Olimpio Editora. Povina, embora culto e ligado à literatura não chega a ser um bom memorialista, o livro é cerimonioso, gentil e inocente. Mas como é bom ler sobre os costumes e a vida passada, inda mais numa pequena cidade do interior nordestino, caso de Povina.
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Bjo sertanejo.
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