existe algo de muito belo e de muito estranho em saber-se sozinho. nossas zonas de sombra, tão assustadoras e que nos compõem como figuras imprevisíveis, parecem se esgueirar entre as luzes, as formas e os volumes de um mundo concreto que não compreendemos. por que é mesmo que o mundo se marca por estes compassos? por que estes, e não outros?
quem não é feito de claro e escuro? quem não tem ranhuras? é tentador se imaginar máquina – racional, sistemática e coerente. uma máquina pode ser programada, controlada e desligada. já os seres humanos, tão turvos e indomáveis, são perigosos em sua natureza movente.
alguns precisam de raízes, outros apenas ancoram aqui e ali. o fato é que somos, todos, os sujeitos à deriva de Deleuze. somos constantemente empurrados ao mar, uns mais que outros, pois uns mais turbulentos e mais sangüíneos. às vezes, para retornar ou avançar, só nos resta observar as estrelas em total quietude. elas não nos dizem apenas onde estão o norte e o oeste. elas dizem de nosso minúsculo tamanho e de nosso ínfimo poder. dizem que no final, a despeito de tudo, cada um está sozinho na tarefa de lidar com suas sombras, e que há nisso algo de muito doce e de muito assustador.
13 comentários:
neruda.uchile.cl/obra/obraversosdelcapitan5.html
Com WWW. na frente:
www.neruda.uchile.cl/obra/obraversosdelcapitan5.html
tava tão bom, tinhas que enfiar o Deleuze?
piando intimamente você pia os seus pius e os meus também:)
um beijo
tita
que timing...
visito aqui todos os dias, praticamente!
hoje resolvi comentar... estamos doces.
:)
que interessante. conectou tudo. beijo,
*
pra isso, uma lanterna com poderosas pilhas ajuda.
quando a luz apaga, um facho se faz necessário.
*
http://licencaporfavor.blogspot.com/2007/10/pgina-161.html
pinta, tu és demais!
É, num certo sentido, definitivamente sós.
Mas de alguma forma ligados.
Quem sabe aprendendo uns com os outros.
Mesmo nesta tarefa.
Belo texto. Outro.
bom, como tu leu meu post, deve saber de antemao que me senti totalmente identificada né profa. besos.
É estranha esta dimensão do humano, tão frágil e ao mesmo tempo com a sensação de ser dono de tudo. Doce e assustador. Pura arte este teu texto.
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