30 julho 2009

paralelas

[Belchior]

dentro do carro
sobre o trevo
a cem por hora, ó meu amor
só tens agora os carinhos do motor

e no escritório em que eu trabalho
e fico rico
quanto mais eu multiplico
diminui o meu amor

em cada luz de mercúrio
vejo a luz do teu olhar
passas praças, viadutos
nem te lembras de voltar

no Corcovado, quem abre os braços sou eu
Copacabana, esta semana o mar sou eu
como é perversa
a juventude do meu coração
que só entende
o que é cruel, o que é paixão

e as paralelas dos pneus
na água das ruas
são duas
estradas nuas
em que foges do que é teu

no apartamento
oitavo andar
abro a vidraça e grito
quando o carro passa
teu infinito sou eu

[e aqui uma palhinha na voz de Belchior]

4 comentários:

Ederson disse...

sempre que escuto essa musica me lembro dos Trapalhões. O Didi costumava fazer paródia, quando eu era pequeno, e só depois de grande fui conhecer a música mesmo, que é linda.
Costumava preferir a Vanusa cantando. A versão que ela interpreta, aliás, tem uma parte da letra diferente, falando das borboletas que pousam demais, que não faz sentido algum.

(só uma correçãozinha: falta um "que" ali na quinta estrofe, antes de "foges")

Marcia disse...

obrigada pela correção, já arrumei. :)

algumas músicas são clássicas dos Trapalhões. o Mussum fazendo beiço, o Zacarias com a boca pintada até o nariz (e de maria chiquinha), o Didi tropeçando. eu adorava.

esta versão da Vanusa tá no youtube, vc viu? cabelão duro de laquê. :D

mas sempre achei esta voz arranhada do Belchior mais significativa. saudade do tempo em que os bons letristas faziam sucesso.

Ederson disse...

é, eu vi a Vanusa no Youtube, com a cabeça meio inclinada pra trás, devia ser o peso do laquê.

Eu tenho ela cantando numa gravação sei lá de onde, já com a voz um pouco mais velha, que é melhor, não é tão gatinha.

katine walmrath disse...

hei, vocês dois!
vocês tem alguma coisa a ver com este sumiço do belchior?
ah, é muita coincidência...
:P
beijos.