[texto recuperado de um antigo blog]
meu pai está de aniversário amanhã. 72 anos. ainda tem seu consultório, é ortodontista, atende uma moçadinha. ao longo da minha vida, fui procurando os pontos de contato com ele e obviamente sempre pareceu mais fácil encontrar as diferenças.
mas é inevitável lembrar que ele trabalhou em rádio por um tempo, com aquela voz macia. e queria ser professor de história, porque tinha um espírito inquiridor. e era um músico polivalente, tocando bateria, violão, cavaquinho. adoro uma foto dos anos 50 em que ele está massacrando uma bateria. ah, sim, e foi crooner. tinha voz, ouvido, talento.
depois fez opções. virou marido, pai, dentista, presidente de clube, nome em coluna social. e todas aquelas coisas, que eu acho maravilhosas e devem residir em algum lugar dentro dele, ficaram na juventude. como dizem sobre o "jovem Marx", eu gosto muito do "jovem Ruben".
quando ele fala sobre as estrelas, vejo o jovem Ruben se mostrando um pouco. o jovem curioso que entende de constelações, astros e universo. e fico pensando onde aquele jovem interessante se esconde quase todo o tempo.
talvez a gente não consiga entender os pais, e a complexidade de suas escolhas, até estar adulto o suficiente para não precisar mais de um pai, no papel tradicional de guia e provedor, deixando que reste ali o que há de humano, simplesmente. confesso que é um pouco estarrecedor me perceber adulta - e ao mesmo tempo me ver como uma menininha que, como todos os anos, não sabe que presente dar ao velho Ruben.
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