meu irmão estava em Porto Alegre ontem. decidimos jantar no Copacabana, italiano tradicional da Cidade Baixa. minha presença no Copa é bissexta, pois particularmente não acho a cozinha tão boa quanto dizem. os molhos vermelhos geralmente têm gosto de tarantella ou pomarola, a famosa vitela com batatas é um pouco seca para o meu paladar e o atendimento é desleixado. ainda assim, de vez em quando vou lá, na esperança de que algo tenha mudado para melhor. quer dizer, de vez em quando eu ia lá.
então estávamos tagarelando felizes, comendo nossa saladinha e esperando pelo filé a parmegiana. você sabe, aquele ritual das saladas. corta o tomate, espalha a cenoura ralada, esfacela o alface, aquelas enormes rodelas de beterraba pintando as folhinhas. tempera, brinca um pouco com a comida, manda ver.
e eis que o Nando diz “hum... o que é isso?”. sinto todas as peninhas arrepiarem. já penso logo na pior coisa que se poderia achar em um matagal verdinho: aquele ser nojento que começa com b e termina com ata. mas não. para meu alívio, é apenas uma larva. uma pequena e albina larvinha. ou um larvinho, já que não tive tempo de conferir o sexo. se retorcendo no prato, e depois gentilmente colocada na toalha para ser melhor examinada, onde continuou rebolando.
chamo o garçom, bastante irritada: “o que é isto?”. e ele, com a maior cara de pau: “ah, um intruuuso”. dá as costas, pega uma colher e vem recolher o furão da festa. “pronto, agora não tem mais”, com um sorrisinho amarelo. fico olhando incrédula para ele. recolhe o prato da salada e vai embora. a salada, é claro, aparece na conta final. o café não foi oferecido, nem a sobremesa, pois descaso é a regra do Copacabana. mas a conta estava inteirinha lá, para os trouxas pagarem. afinal, do que reclamar, se ainda ganharam uma proteína extra? devem ter olhado a pintinha e pensado “que fofa, vamos lhe dar uma larva de brinde”.
como bem lembrou o Nando depois, o bom de se morar em Porto Alegre é que você pode nunca mais colocar os pés em um restaurante ruim. tem muitas outras opções, e você pode simplesmente riscar do mapa quem te serve larva no jantar. no Copacabana eu obviamente nunca mais volto.
17 comentários:
puxa, nunca fui lá e depois desta, nem pretendo ir...
O Spina é opção mais barata e mais honesta
aconteceu com meu filho mais velho, aqui em Santa Maria, num restaurante dos mais preferidos e movimentados. nunca mais comi salada em restaurantes. e ele é sempre o premiado quando aparece alguma coisa diferente, não sei pq.
Bahhhh!
Êta povo reclamão, tão servindo minhoca no jantar e a pinta ainda reclama. Desse jeito não dá.
bah nem apareço mais lá!!! eu prefiro o barranco
achei que larva rebolante era especialidade só do cotiporã, pé-sujo clááássico ali na lima e silva... eu gosto do copa - nunca fui mal atendida lá, pelo contrário. e continuei gostando mesmo depois de, há uns dez anos, ainda antes da reforma, ter encontrado uma tampa de refri no meio da farofa que acompanha aquela calabresa pra tripas fortes... mas, tá, tudo bem, eu não sou paradigma de normalidade, diz sempre o homem de branco que me dá uns papéizinhos azuis carimbados todo mês...
eu já encontrei esse ser que começa com b e termina com ata. Fui comer uma pizza num restaurante de ijuí. E saiu uma baratinha. Dizem que o estoque de lá é nojento. Nunca irei nesse lugar. Abs
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pedra, cabelo, pentelho, plástico, vidro, verme.
a lista é longa - mas porque nunca encontrei um diamante ou uma nota de 100? -
o que importa é que o copacabana é ruim mesmo. e a mimi só agüenta porque come as balinhas que se compra com as receitas azuis.
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é por isso que eu detesto salada...
espero que a comida lá seja barata...
E eu sempre ia comer a vitela com batatas lá no Copa...putz! Este tipo de proteína nao combina nada com o meu paladar e com o asco que eu sinto de cozinhas sujas.
Só abro exceçao para os peixes fritos na beira do mar, no nordeste. Lá, limpam as frigideiras com a areia da praia; e os peixes, junto com o sal, sempre contêm uma quantidade inesperada de areia...hehehehe...crocante...maravilhoso! Supimpa!
ahahaha! na única vez q eu fui lá foi por causa da mimi. finalmente entendi a história dos 10%, a MM é paga pra defender o restaurante pelos blogs a fora...bjinho mimi!
- garçom, minha salada tem gosto de insetisida!
- ora! se tem bichos, reclamam. se colocamos veneno neles, reclamam tb!!!
Se fosse em Montreal, com a educação e cordialidade dos nativos daqui, seria parecido, exceto pelo fato de que você ainda escutaria algo como: "Como é que você teve a capacidade de trazer este **verme** para o meu restaurante?!?! Trate de livrar-se dele ou eu vou lhe processar!!!" :-/
Pô Marcinha, tu não pegou mesmo o espírito da coisa.
Primeiro - Nestes tempos de ecologia eles querem mostrar que usam produtos sem pesticidas e outros idas, se não teríamos larvinhas, ou teríamos o cadáver de uma larvinha.
Segundo - Nesta onda de cultuar o look campo de concentração nazi-stalinista eles não querem perder clientes, por isto já tratam de inibir a fome, mas de um modo natural. Um modo visual-psicológico-inconsciente.
Terceiro - Nesta busca da saúde, matam dois coelhos de uma só cajadada. Por um lado mandam proteína VIVA para a mesa, o que não é para qualquer um. E, por outro, como a comida deles é muito gordurosa, o vermezinho fininho serve como advertência pelo oposto. Pura psicologia aplicada.
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