20 janeiro 2007

espírito gótico

as coisas que você não faz, mas pensa. as coisas que você não diz, mas sente. ah, as coisas. e um dia, sem querer, deixa escapar uma frase. como aconteceu meses atrás, conversando com a Débora, minha orientanda de mestrado que pesquisa a revista Vogue. falando sobre estilos, eu disse: “ah, eu tenho um espírito gótico”.

e então nesta semana fui surpreendida por um presente. ah, os presentes. eles sempre dizem algo sobre quem dá e sobre quem recebe. sobre quem dá, eles dizem o quanto prestam atenção, sua capacidade de entender alguém para além do óbvio. sobre quem recebe, dizem que leitura pode ser feita sobre seus gestos e suas necessidades. os presentes dizem sempre o afeto e as percepções.

“Goth Chic: um guia para a cultura dark”, o belo livro que ganhei da Débora nesta semana, não é aquele tipo de livro que você senta pacientemente para ler. não é como os contos de Truman Capote que ando degustando, e também não é como os livros acadêmicos que exigem um esforço de inscrição em paradigmas de pensamento. não pede paciência e não demanda esforço. já li trechos, pulei páginas, devorei as fotos. em cada trecho encontro uma parte de um eu bastante íntimo (como ando íntima neste blog) que reluta em se expressar, mas que parece tão, tão, tão consistente.

eu poderia falar aqui de tantos presentes que recebi ao longo da vida, e que me ajudaram a ver melhor as pessoas que me deram. sempre lembro um pote de balinhas de goma amarelas, em uma sacolinha bonita, que recebi em um dia difícil, mas importante. aquelas balinhas eram bem mais que balinhas. também lembro de uma bolinha minúscula do Grêmio (sim, eu sou colorada) que eu tivera nas mãos durante algum tempo, enquanto um gremista me contava o grande sonho da vida dele. e no fim eu disse algo como “eu não presto, fico brincando com esta bolinha enquanto você me conta a coisa mais importante da sua vida”. no dia seguinte, ganhei a tal bolinha dentro de uma caixinha vermelha, com um bilhete que dizia “brinque com a minha vida para sempre, eu deixo”. e assim os presentes, os inusitados e significativos presentes, me dizem quem estas pessoas são, quem eu sou e o que mora dentro deles e de mim. ah, o que mora dentro.

11 comentários:

Graziana Fraga dos Santos disse...

tenho dificuldade de comprar presentes porque não sou muito observadora, com o tempo tenho tentado ser, mas tenho o sério problema de olhar e não ver...
mas aprendi com uma amiga a observar mais as pessoas, tenho feito mais isso e acertado mais nas escolhas de presente ;)

Adriana Amaral disse...

MARCIA: Eu amo esse livro :) eu até falei sobre ele no meu blog meses atrás...rs ele é bom como enciclopédia básica e tb pralguns detalhes como datas e nomes (bueno, diríamos que esse assunto me gusta).. mas lembre-se os verdadeiros góticos não se dizem como tal..rs brincadeirinha contigo, eu como morcegona recomendo.

Anônimo disse...

que amigo este gremista! que atenciosa sua orientanda! que merecedora você!

Telejornalismo Fabico disse...
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Telejornalismo Fabico disse...

*



tenho que confessar: me fantasiei de dark pra ver o show do the cure, com direito a cabelo arrepiado com sabão, roupa preta e cara empalidecida, maquiagem que uma amiga atriz fez pra gente ir junto.
o show foi inesquecível, a noite selvagem.
viver algumas fantasias é sempre bom.

a outra foi quando me fantasiei de drácula pruma festa.
mas essa é impublicável.



*

Vini disse...

dar presente dá medo!

Anônimo disse...

Me lembrei da Lydia, do filme Os fantasmas se divertem. Ela fazendo aqueles poemas querendo morrer. A Adri Amaral, que já comentou aqui, havia me falado desse livro. Eu encontrei com ele uma vez em uma livraria em São Paulo, mas ficamos só nos paquerando. O mais gótico que eu consigo chegar é meu apreço por vampiros. Abs

Maroto disse...

sou muito deprimida de verdade pra coisas góticas, 'em casa de enforcado não dá para falar em corda'

Rosamaria disse...

eu tb me deprimo um pouco com coisas góticas.

adoro dar presentes, mas, dependendo da pessoa, às vezes fico sem saber o que escolher.

piu, piu, pinta.

Anônimo disse...

Nossa, acho teus textos tão bons! Sempre me falam de uma forma especial. Parabéns pelo blogue!

Beijos

Anônimo disse...

nem sempre a vida gotida gotica traz depresao mas eu acho q ela influencia na vida se alguem quer falar comigo sobre isso me add no msn markostalarico2006@hotmail.com falo assim pq ja passei por isso ja fiquei deprimido era gotico ja tentei suicidio depois q abandonei vida de poemas e a vida gotica tive uma melhoras de 50% na minha vida mas ainda curto muito o estilo acho q isso esta no sangue valeu pessoal