Sean escreveu um post instigante sobre a inveja e o ciúme. o tema gera polêmica e revira nossas experiências. é preciso remexer um pouco em si mesmo para falar sobre isso. porém, mais do que ser polêmico ou intimista, o tema é instigante porque toca fundo no problema da linguagem: as definições que necessitamos criar para sensações fluidas, os sentidos de que “precisamos” revestir (com precisão lingüística?) o mundo abstrato dos sentimentos.
em seu post, ele chamou de ciúme o que eu julgo ser inveja. numa longa conversa de bar, ontem, não chegamos a consenso algum. tracei emaranhadas filosofias a respeito da inveja e do ciúme, fiz mapinhas com o dedo riscando a toalha, simulações do sujeito A com o sujeito B e o sujeito C. ele retrucou com outras filosofias enozadas, definiu termos com sua paixão singular pelo debate, para no final concluirmos que não havia conclusão possível. bem como devem ser as melhores conversas de bar.
o problema todo está nas definições. para ele, a inveja é essencialmente má. os dicionários concordam com ele, ou ele com os dicionários, não importa. para mim, porém, é a moral que interpõe à inveja um sentido intrinsecamente mau. esta noção de que invejar algo é necessariamente destrutivo – no meu entender, volto a frisar – é cultural, aprendida e, por isso, não me serve como essência.
usei um exemplo banal ontem. tenho uma amiga que tem um talento espetacular para usar as cores. além de conhecimento e experiência, ela é talentosa no equilíbrio e contraste de suas propostas imagéticas e extremamente criativa. eu reconheço nela este talento, é algo que admiro nela. no entanto, não a invejo por isso. não é algo que eu particularmente gostaria de possuir, não é algo de que sinta falta. apenas admiro, sinceramente, sem invejar. isto é admiração: o reconhecimento de que o outro tem algo que eu não tenho, algo que é bom ou especial. e ficamos por aí. é bom admirar coisas e talentos nos outros, me dá a certeza de que o mundo é plural, é vasto, é maior do que as minhas potencialidades. é um alívio saber que outras pessoas podem fazer tantas coisas melhor do que eu. sim, admirar é bom.
tenho outra amiga que tem algo que eu invejo: uma coragem imensa para superar dificuldades. uma coragem que tantas vezes me falta, pois eu me acanho onde ela se joga. no entanto, não quero que ela deixe de ter a coragem que eu não tenho e não quero que ela se dê mal em função desta coragem. apenas gostaria de ter também o que vejo nela. invejar, então, começa a se definir pelo simples reconhecimento de algo que existe fora de mim e que eu gostaria que existisse também em mim. isto é intrinsecamente mau? não. o certo e o errado, o bom e o mau começam a existir a partir do que eu desejo para o outro (e, claro, a partir do que eu decido fazer concretamente).
se quero privar o outro ou puni-lo pelo que sobra nele e em mim faz tanta falta, esta é a inveja má. esta é a inveja corrente, dicionarizada, restrita pela cultura e sua moral. esta é a inveja que faz alguém puxar o seu tapete, inventar algo que você não disse, ironizar qualquer conquista sua, fazer um comentário maldoso sobre seus avanços. esta é a inveja que corrói, seguindo a lógica do desdém (quem desdenha quer comprar?) ou a lógica do cinismo.
mas... e se eu invejo algo que outra pessoa tem (ou sabe) e quero ter para mim também, sem que o outro perca? não é apenas admiração, pois posso admirar algo sem desejar ser ou ter aquele algo. é mais que admiração, é o que eu chamo de inveja boa: vejo algo que me encanta e me faz falta, vejo alguém em que posso de certo modo me espelhar. quando penso nesta amiga e em sua coragem, sempre concluo “eu gostaria de ser assim”. tenho aquela pontinha de inveja que me impulsiona para algo, sem desejar nem por um momento que ela perca sua coragem apenas porque eu não a tenho.
o que quero dizer, com tudo isso, é que a linguagem é traiçoeira quando estamos tratando de sentimentos. é difícil transitar neste labirinto de definições, porque sempre acabamos esquecendo que as conceituações decorrem de um longo processo cultural, impregnado de moralidade. quando limpamos um termo de seu conteúdo moral, chegamos à nossa humanidade. e nossa humanidade é socialmente perigosa, pelo que contém de subversivo.
eu invejo quem cozinha bem e sabe manejar facas ao cortar cebolas. eu invejo quem sabe andar de bicicleta, quem não sua, quem dorme bem. eu invejo quem come e não engorda, quem tem dinheiro para viajar, quem lê Goethe no original, quem entende de cinema, quem faz a Europa de mochila. eu invejo quem compreende Nietzsche, quem dança tango, quem sabe escolher vinhos, quem entende de moda, quem goza sete vezes, quem faz belos poemas. eu não admiro, apenas, as pessoas que têm todos estes saberes. eu gostaria de saber e fazer tudo isso também. mas isso não significa que eu fuzile com o olhar o cara da bicicleta, deboche de um amigo que teve uma excelente noite de sono ou deseje que todos suem bicas na Porto Alegre de fevereiro. isto seria mau, mesquinho e destrutivo. que nome eu poderia dar a todas estas sensações, quando reconheço em alguém algo que me faz falta? não é inveja?
o problema todo é que, como fomos ensinados a compreender a inveja como essencialmente má, nós jamais admitimos ter inveja de alguém. a inveja é um dos sete pecados capitais, diz a ideologia cristã. todos os sete pecados, que na verdade foram criados para não deixar a luxúria reinando sozinha (tornando fácil desqualificá-la como um pecado), são absolutamente morais. quando digo que são morais, reconheço que em sua formulação existe uma tentativa de regramento social, pois é a partir da moral que certos limites são impostos para que a vida em sociedade não vire um jogo de vale-tudo. mas, quando pensamos sobre isso, acho interessante cutucar mais fundo para despir os sentimentos da roupagem cultural.
quanto ao ciúme, é certamente um dos sentimentos que mais faz sofrer. ele é parente da inveja, mas é muito pior do que ela. o ciumento quer o outro para si, não aceita dividir, basicamente por insegurança. tem medo de perder se houver uma comparação, tem medo de não ser mais o objeto merecedor de atenção, amor e desejo. o alvo do ciúme se sente tolhido, cerceado e vê sua lealdade posta em xeque, o que é altamente destrutivo. o ciumento se sente menor, humilhado, impotente e ridículo. o ciúme nada tem de positivo ou enriquecedor, pois traz consigo uma noção triangular: eu só tenho ciúme de alguém em relação a um terceiro, e neste movimento eu acabo tirando deste alguém a sua liberdade e individualidade. o ciúme arrefece com a maturidade, quando a gente compreende que amor bom é amor livre, é amor que fica porque quer ficar – para todo o resto, existe Mastercard.
32 comentários:
eu falei isso pro sean no comment q eu fiz.. bom, qdo eu voltar de sp escreverei uma estorinha sobre isso. bjos e sim, vou cuidar bem do alex hahaha (até parece)
Eu tenho inveja de você, querida!
Mas não quero que se dê mal. Nunca.
Não é curioso ver tanta gente por aí, os paladinos da inveja, dando outros nomes aos seus sentimentos só para parecerem bonzinhos?
Agora, aguardo ansiosamente um post seu sobre Schadenfreude.
Um grande beijinho!
eita...até escrevi um post retrucando.
:)
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Xuxu,
tentei ser mais sucinto no meu post e acabei torto. vc não falou que eu publiquei o texto às pressas, mesmo sabendo que a linha entre inveja e ciúme tinha ficado mal explicada. mas o que não está no texto não tem resgate, então vou me ater ao teu.
quando vc joga a questão pra linguagem, a gente entra num brete: sim, toda linguagem pode ser limitadora. ou não. vc atriubi sentidos onde eu não vejo, assim como eu faço com vc.
a única coisa que não faz nossa conversa ser uma barafunda é a cultura: é ela que, ao nos colocar no mesmo espaço, dá os referenciais necessários para que o sentido de 'boacha' seja o mesmo pra vc e eu. e possamos entender o referente primeiro: biscoito feito de farinha. se os muitos significados de bolhacha incluem tapa no rosto ou homossexual feminino, vai depender do contexto da frase pra isso se materializar. e o contexto é cultural outra vez.
então, xuxu, quando alguém subverte um sentido e não me avisa, eu não entendo o contexto. as gírias das tribos urbanas fazem isso a toda hora. eles falam uma linguagem cifrada, mas usando as palavras da nossa língua.
se vc gosta ou não da carga moral secular que inveja carrega é outra história. eu, por exemplo, odiava ser chamado de "meu jovem" ou "mocinho" quando adolescente. isso me enfurecia. eu queria ser visto como adulto, até mesmo por quem era 40 anos mais velho do que eu. mas isso não me fez mudar o sentido de jovem ou moço. não me fez dar uma pecha negativa a essas definições, apesar de muitas vezes elas terem sido usadas pra me botar no meu lugar, reafirmar minha imaturidade, dependência e 'fraqueza' frente ao mundo adulto.
vc tá muito subversiva, tá querendo criar linguagem própria.
tá na hora de aparar tuas asinhas.
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Um dia eu li um livro do Zoenir Ventura, "INVEJA" da série "plenos pecados" . E acho que ele define muito bem, com ajuda do aurélio :)
No livro diz:
Ciume é quando você tem algo e sente a ameaça de perder/
Cobiça é quando você quer algo que outra pessoa tenha, como o carro do vizinho ou o talento de alguém.
E INVEJA é quando você sente mal com algo que o outro tenha, mas nao necessariamente queria aquilo pra você, talvez você até tenha o mesmo, nao nao gosta que o outro tenha, por isso de todos os pecados capitais a inveja é o mais dificil de ser admitido. E por isso também o temo " inveja boa" nao é tao verdadeiro! Inveja é um sentimento nocivo.
adri, não adianta: agora todo mundo vai nos chamar de... invejosas, hahahahahaha!!! eu-se-divirto. :P
carmencita, minha rainha. se pelo menos eu soubesse o que significa schaden... what?
jousi, vou lá ver. no mínimo me deu um pau. :P
simone, bem-vinda. :)
eu li o livro do Zuenir e acho que a inveja pode ser nociva e pode não ser. para mim, a palavra cobiça é ainda mais carregada de sentimentos ruins. :(
xuxu, eu não estou querendo criar uma linguagem própria. eu estou falando sobre uma definição que não me satisfaz. é uma metalinguagem, um falar sobre o que se fala, o movimento de debater os sentidos que um termo carrega.
posso estar totalmente equivocada, e um etimólogo vai chegar aqui e me desancar (espero que pelo menos seja gentil, piu piu). mas eu fico pensando por que não conferimos este sentido imediatamente terrível também à expressão "invejável". não é "feio" dizer "Fulano tem um texto invejável" ou "Beltrano tem uma saúde invejável".
por que será? eu acho que, quando centramos a inveja no objeto (o texto ou a saúde), retirando de foco o sujeito (fulano ou beltrano), retiramos a nós mesmos de foco (não sou eu que invejo, é uma característica que todos podem invejar). neste momento a inveja deixa de ser intrinsecamente má ou nociva. se alguém diz que meu avô tem uma saúde invejável, automaticamente eu entendo que este alguém quer ferrar o meu avô, tem sentimentos maus pelo meu avô? claro que não.
e pára de invejar as minhas asinhas. :P
Inveja é sim algo destrutivo. Não existe inveja boa ou má. Inveja é inveja, é descarga de energia negativa, é uma das manifestações mais poderosas do egoísmo. Ou por acaso o pensamento não é energia que emana pro universo e fica plasmada nele? Em acreditando que essa vida é transitória (e que SIM, vivemos e viveremos outras tantas vidas quantas forem necessárias!) e que estamos em constante processo de crescimento moral - não aquela moral de cuecas que a Igreja Católica insiste em nos enfiar goela abaixo desde sempre e que se esvai quando mais um padre é descoberto fazendo o contrário dos "votos" que fizera diante do altar - mas a moral de compreender que o que faço pro meu próximo tem um resultado, uma conseqüência pra mim em algum momento dessa e de outras futuras existências, dependendo da atitude, da escolha em fazê-la ou não. Ou seja, tudo tem um resultado, uma causa e um efeito. Ou por acaso a terceira Lei da Dinâmica está aí pra bonito? Pensou coisas boas, teremos no universo gravado aquelas coisas boas que nos servem de instrumento pra seguir pra continuar o trabalho em outras vidas. Pensou coisas ruins, do mesmo jeito. Vai ter bem mais dificuldade pra continuar do que aquele que optou pela primeira. Concluindo, nós somos aquilo tudo que pensamos. por isso é que é legal e importantíssimo a gente aprender a disciplinar os pensamentos. Fácil? De forma alguma! Por isso mesmo que estamos aqui e aqui estaremos quantas vezes for necessário até a gente aprender!!!!!!!! É, a coisa é séria, bem séria, eheheheheheheheheheh
Bom é o que eu penso! Ainda bem que todos pensamos diferente, né?????
Ei Neném! Olha só... não li o texto do seu amigo, mas li o seu e todos os comentários aqui. Minha gente, vamos fazer uma ginastiquinha para alongar um pouco? Ficar um pouquinho mais flexível? Nesta vida mesmo... hehehehe... Se a humanidade e seus valores mudam (evoluem e retrocedem) por que não a linguagem?
"...numa longa conversa de bar, ontem..." Eu, por exemplo, não tenho ciúmes de saber que minha pintinha de estimação vai filosofar no boteco com o amigo dela, mas tenho inveja do amigo dela por poder desfrutar da companhia da pintinha enquanto eu não posso.
Para todos que afirmam que inveja é má, negativa por essência, deixo aqui uma banana para todos vocês! É... daquelas que a gente faz com o braço.
Primeiramente porque vocês estão pressupondo que me conhecem mais do que a mim mesmo e "segundamente", como diria Odorico, porque estão me chamando de mentiroso. Por que? Porque não é porque quero bebericar uma cervejinha num boteco com a pintinha *e não posso* que por isso deseje no âmago do meu ser que ninguém mais também possa. O que? Desejo sim??? Você me conhece mais do que eu mesmo e sabe o que se passa dentro de mim??? Ahhh... vai catar coquinho!!! Beba a água do coquinho para refrescar a caixola ou, em alguns casos, use a caixola para abrir o coquinho.
Agora, só para embolar mais... quanto ao ciúmes, acho que tem outra variação também. Eu tenho ciúmes da minha mulher. Mas não é só aquele tradicional (que eu acho que todo mundo tem um pouco até os liberados mais libertinos!), me refiro ao ciúmes proveniente do olhar de qualquer mané! Tipo... 'tá olhando o que, palhaço?' Já me cansei que caçar briga na rua com neguinho atrevido. Nestes casos, não estou pondo em xeque o amor da minha Iara... ainda mais ela, pastel, que sempre leva um susto nessas horas porque nunca sabe o motivo dos meus desbravios na rua, não sabe a quem me refiro nem porque! Mas eu sei bem, porque calhorda, cachorro como sou, olho para a mulherada na rua sempre que posso, mas se alguém olha para a minha mulher fico com ciúmes, me sinto atacado em minha "propriedade" amorosa-sexual e parto logo prá briga. hahahahhahahha!!!
É que sou assim... imaturo, babaca, estressado... (machista??? hahahahahaa)... invejooooooso... Mas não tem importância, não... vocês podem ficar tranquilos pois vou arder nas chamas do inferno!!! Eu sei, o bispo Edir Macedo já me falou... :-s
aí em cima, leia-se:
pressupondo que me conhecem mais do que eu a mim mesmo
Querida, invejável e ovacionada Márcia!
É muito simples. “Schade” em alemão significa “prejuízo / perda / pena”. Quando se diz “Schade!”, pensa-se “Que pena!”.
Freude, você sabe. É alegria, quase felicidade:
Freude, schöner Götterfunken, Tocher aus Elysium...
(Alegria, bela centelha dos deuses, filha do Elísio...)
Não confunda com “Freunde” (amigos).
Então, Schadenfreunde é a alegria que se sente pelas penas de alguém. Quem já disse “Bem feito!” pelo menos uma vez na vida, sabe o que é.
Aí, alguns vão dizer: mas é feio sentir isso.
Ah, pode ser. Mas é bom sentir essa coisa hedonista.
Muitas pessoas “normais” e até alguns petebas oligofrênicos podem achar maravilhoso que o ACM e o Sharon estejam em coma, ou que aquele ditatorzinho nacional-socialista tenha tido o destino que teve.
– Ah, mas isso é praticamente uma unanimidade. É de bom-tom sentir.
Tá! E daí? E as coisas ínfimas do dia-a-dia que sentimos? Isso é feio?
Há como controlarmos nossos sentimentos? Não sei. Os pensamentos, talvez. É possível inclusive controlar os pensamentos negativos em relação à igreja Universal ou até mesmo à católica. Controlam-se pensamentos e atitudes. Os sentimentos e os karmas que dizem que eles trazem ou geram, duvido.
Para exemplificar um pouquinho mais o significado de Schadenfreude, percebe-se que esses invejosos que tentam descaracterizar os seus argumentos ficariam muito contentes se conseguissem atingir seu intento. Na verdade, como eles não conseguem, eu é que sinto esse prazer meio sádico de contentamento pela falha deles.
Em inglês há um verbo relacionado a esse sentimento: to gloat.
E em português, se eu ficar quietinha no meu canto, em júbilo com a desgraça alheia, será algo particular meu. Se eu resolver expressar minha alegria por aquilo que julgo ser uma merecida adversidade de terceiros – Sei lá! Digamos que eu escrevesse um comentário debochado no weblog de alguém. –, eu poderia dizer que eu estaria “tripudiando” das pessoas.
Quanto ao "ciúmes", um "chopps" e dois "pastel".
Mas eu sou assim. Sinto inveja, Schadenfreude, raiva. Sou gulosa, mesquinha, ignorante, burra, má. Mas quase não sinto ciúme. Se me quiserem pedir provas de amor por ciúme, estão perdidos.
E quem gosta de mim, gosta exatamente por tudo aquilo que sou: definitivamente luxuosa e completamente gloriosa.
Um grande beijinho!
Carmencita d’Além-Céu y Trás-os-Mortos
Carmenrata:
Schadenfreunde --> Schadenfreude
Sem o segundo N.
Eu mesma escrevi errado.
Bem feito! Quem mandou ter unhas tão compridas?!
Um grande beijinho!
Muito bom!!! mas a inveja me incomoda muito mais - claro que aquela má - aquela que machuca - que dói - muito mais que um ciúmes, mas ainda tem muito pano pra manga...
Gostei muito dos teus argumentos e até fiquei remexendo com a definição de inveja durante a manhã e até agora, 16h30. E cheguei a conclusão de que troco essa expressão inveja saudável - para alguns, inveja branca(acho preconceituoso usar essa coloração)pela palavra desejo.
Não consigo visualizar uma inveja positiva. Pode ser que seja resquício cultural, moral ou qualquer valor. Eu sei que essa palavrinha não está dentro do meu dicionário.
Quanto ao ciúme, concordo contigo que esse sentimento faz parte das pessoas imaturas- independe de idade cronológica- e que não conseguem respeitar a individualidade e a história da outra pessoa. Já a posse, para mim, diz respeito a objeto.
A conceituação é difícil mesmo, mas foi muito legal levantares essa reflexão.
Márcia, assim como a Simone, vou me valer do Zuenir Ventura: resumidamente ele diz, e eu tendo a concordar:
# cobiça é desejar o que o outro tem
# ciúme de querer que o outro nao tenha o que vc tem
# inveja é não querer que o outro tenha
Sem discutir etimologicamente, opto por aceitar essa definição.
Assim, ciúme do homem amado e desejado...é diferente de inveja da grama do vizinho. Eu acho.;0)
Renatinho, eu admiro seu imenso talento com a bateria. :)
e sim, é bom pessoas inteligentes pensando de modo diferente. eu, pelo menos, a-do-ro.
Little lion, seu porco chauvinista imaturo. brindarei a ti na próxima conversa de bar, independente da conversa e do boteco.
Carmencita, minha rainha. se tem uma coisa que eu acho fantástica no alemão (a língua, não o "brother" da Grobo) é esta capacidade de criar termos que contêm uma significação bem mais fechada. mas estas penas, aí, do "Schade", contemplam as minhas peninhas amarelas? :D
Nana, a amiga cuja coragem eu admiro, no meu post, é você. :)
Cida, te deixei pensando todo este tempo? em casa ou na praia de Boa Viagem? porque assim, né... se tiver sido uma reflexão altamente intelectualizada cometida em Boa Viagem, eu... eu... eu... vou morrer de inveja!!! :P
Foi um esforço tããããããão grande e num lugar tão agitado e sem graça, que nem vou te dizer para não cometeres um pinticídio!!!!!!!
Não, não, querida.
Pena de pintinha é "Feder".
Parecido com "feather" - pronuncia-se mais ou menos como /'fe:dɐ(ʁ)/.
Um grande beijinho!
Posso fazer uma pergunta, Márcia?
Talvez duas?
Você acredita que em Deus?
Se sim, acredita que Ele é onipresente?
Um grande beijinho!
Márcia,
Quando coloquei meu comentário no post do Sean, eu falei na tal da inveja boa, que eu resgatei, justamente, do livro do Zuenir. Aliás, quando li o livro, eu peguei mal com esse termo, enfim, não concordei.
Quando fiz o comentário, acabei utilizando, principalmente por não gostar de usar a palavra cobiça, apesar das definições que, tanto a Simone quanto a Viviem utilizaram, tão corretamente. São palavras e as palavras servem mesmo pra isso. Pra definir as coisas.
Acontece que algumas palavras não se dão bem com a gente. E a palavra cobiça é uma com a qual não me entendo bem. Pra mim, ela tem uma conotação muito mais negativa do que a maioria das pessoas percebe nela. Talvez tenha a ver com algum dogma político da juventude ou talvez seja trava minha, mesmo.
O que ocorre, enfim, é que pra não usar essa palavra (e não sofrer) eu vou continuar usando a inveja, com essa conotação mais leve (a de uma coisa boa) e continuar não desejando mal àqueles de quem tenho inveja.
De qualquer forma, o que você acabou escrevendo foi muito mais próximo do que eu penso sobre isso do que eu fui capaz de expor. Corro até o risco de que se perceba que fiquei com inveja de você. Fiquei sim. Mas a minha inveja. A tal da inveja boa.
Em tempo: Ainda falta uma discussão tão profunda quanto esta a respeito do ciúme. Esse sim, um sentimento que eu abomino!
eu tenho inveja de quem escreve livros de auto-ajuda e fica rico.
ah, lendo teu texto anterior me lembrei da palestra que vc fez na fabico, talvez em 2001, sobre a igreja e a tua tese. foi muito interessante, eu não tinha a mínima idéia de como funcionavam os negócios lá.
vou começar a frequentar um templo, talvez seja mais fácil pra eu conseguir emprego no Correio do Povo. Vou desafiar Deus.
depois de todos esses comentários, quem sou eu pra dizer alguma coisa...
tenho inveja de ti, pintinha, igual a que tens pela tua amiga que sabe usar as cores. deve ser como tu usa as palavras...
piu, piu.
Carmencita, minha rainha.
não, eu não acredito na existência de deus.
acredito na mente humana, que cria as crenças para conferir significado ao que não compreende.
isto é humano, é natural, é necessário.
dialogo com quem acredita e respeito quem acredita, mas penso que deus é uma invenção humana.
Arnaldo, bem-vindo. :)
também compreendo a palavra "cobiça" de forma muito mais negativa, como se fosse um sentimento mesquinho.
mas tenho consciência de que é um sentido aprendido e contestável.
Ederson, e do Paulo Coelho, vc tem inveja? :P
Rosa, sempre há o que dizer.
em vc, eu admiro a generosidade, a abertura para a vida.
e invejo aquele talento culinário. oh god!!!
*
bombou, fia?
é a mais melhor, a mais prendada, a mais inteligente, a mais sensível, a mais culta, a mais taletonsa.
botou os idiotas senso comum no chinelo, deu de relho, humilhou.
já tá bom, ou ainda quer mais?
*
xonzinho, eu quero mais. e quero com moranguinhos, por favor.
*
vai me desculpar, xuxu, mas agora a soberba entra em cena.
quer bombar?
cave seus próprios posts.
huáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuáhuá
*
xuxu, já que eu não tenho o seu charme e os seus fãs, a única coisa que me resta é viver à sua sombra!!! vc sabe que eu sou invejosa. :o
Excelente, querida. Você me botou no chinelo.
Aliás, por falar em calçado, você tem pés de galinha?
Um grande beijinho!
ai que inveja.
mastercardmente falando, só sei que um texto desses... nossa! não tem preço!
(sussuradamente: Isso é inveja do autor desse comentário? É inveja? Vocês acham que é? Mas mas é inveja boa, né?) :o)
Pinta, pra usar uma música do nosso tempo: mas eu me mordo de ciúme... Soube que tu andaste por SM. E nem um alô eu mereci...
Márcia, gostei muito da tua "tradução" da inveja e do ciume. De vez em quando tenho um ciuminho, mas consigo desestabilizar ele...devagarinho...hehehehe.
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