poucos temas são mais intrigantes, para mim, que o sempre retomado tema do poder. existe uma diferença entre a autoridade e a legitimidade no exercício do poder. alguns lançam mão apenas da autoridade – “eu posso, então digo; você não pode, então ouve”. para fazer uso da legitimidade, entretanto, é preciso conquistá-la. a legitimidade não diz respeito à forma como eu me vejo. ela é fruto de reconhecimento. ela é concedida pelos outros.
é assim que, em uma situação clara de hierarquia, uns podem mais e outros podem menos. quem usa apenas sua autoridade eventual, fruto de uma posição de sujeito provisória, pode até se sentir confortável em seu pequeno nicho de poder. é fato, porém, que não avançou um milímetro na conquista de legitimidade – porque esta é concedida por iguais, que não se deixam perturbar por jogos de poder e sabem avaliar, criteriosamente, a consistência e a inconsistência de cada palavra dita.
11 comentários:
bah.. isso me lembra claramente o caso professor x pedreiro!
ótimo!
Val
VAL,
exatamente isso. um filósofo que não entende o trabalho de um pedreiro!!! :P
quisera acreditar que existem em maior número os que "não se deixam perturbar por jogos de poder" etc, mas a realidade teima em se esfregar contra o meu bico
E como diz nosso amigo Foucault, o poder é negociado nas relações.
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e o pavão desfila, achando que tá abafando, sentindo todos os olhos centrados nele.
e até tão.
mas depois de olhar o colorido das penas, resta apenas olhar os pezinhos.
e todo o exercício de pretensa superioridade vai por água abaixo.
poder não é plumagem, é saber voar.
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Isso é assustador!! Sabia??
MAROTINHA,
mas aí não estamos de novo falando em legitimidade e sim em "autoridade", né?
bicadinhas penosas. :D
ALEX,
o velho e bom Foucault. mas só podemos negociar entre iguais, esta é a verdade. :(
XONZINHO,
pavão é aquilo bicho penooooso e bonitaço?
ah, eu adoro. :)
LAURA,
assustador é.
mas eu tenho certeza que vc é do tipo que acredita mais na legitimidade, então é só dar uns petelecos, entendiii? :)
O problema, Márcia, é que o poder é saboroso. Tanto o poder obtido por autoridade, que acaba sendo provisório, quanto aquele conquistado, o da legitmidade. O perigo, mesmo no segundo caso, é não deixar-se seduzir por ele. O problema é que isso é difícil. O poder é uma delícia!
Marcia, o interessante é que Foucault nos lembra que o poder só se exerce sobre quem é livre! instigante, não?
Neném,
Concordo mas abro o parênteses de que há outras formas menos nobres de se conquistar legitimidade. Infelizmente...
Beijo,
Tu conheces a minha chefe?
Beijo
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