a pouca luz da madrugada e as hélices que giram me lembram uma cena de Coração Satânico. é esquisito sentir-se um personagem de Alan Parker, atirada no torpor de sentimentos difusos enquanto observo as hastes que se movem. nada combina, entre o fora e o dentro de cena, a não ser a absurda estranheza de intimamente estar em outro lugar.
as obras abertas, estas que a gente vive, encarnando um personagem às vezes mais silencioso e às vezes mais exposto, são espantosas pelo que trazem de novo e de quente. uma mesa generosa está posta, mas não há nada nela que possa matar minha fome. não há lucidez diante do que brota entre as pequenas rosas que enfeitam a mesa civilizada do jantar. ao contrário do que seria conveniente, há apenas um encaixe primitivo e desobediente.
acho que engoli um espelho. ao longo dos dias e das noites, tudo que consigo observar são imagens internas. estranhas, pausadas, bárbaras, sangüíneas, ferventes. imagens novas. não posso negar: gosto delas.
8 comentários:
adorei a idéia do espelho interno. Bárbara. E acho que esta é uma boa época pra engolir um.
Parab[éns pela coragem, muita gen te não tem coragem de engolir um espelho por medo do que vai ver...
Feliz Ano Novo..
Um beijo
ainda bem que tu gostas, pinta!
ano novo com muito tudo de bom!
bjim.
se enxergar por dentro já é difícil, se gostar, então, é privilégio para muito poucos. Texto de arrepiar as penas!
quando você pia assim, me dá uma vontade de procurar minha casca de ovo que se foi faz tempo. bj
obrigada pelo super hiper mega parabéns, pintinha. valeu!
bjim.
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e se não gostasse, nas mais sobraria além da internação.
david lynch transforma isso em arte.
outros preferenm viver.
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As imagens internas. Estas são as que realmente interessam.
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