16 março 2008

nacos

é tão improvável que a Coca esteja gelada, naquele carrinho redondo parado no meio do sol. mas está e custa dois reais. a tampa da lata está suja, e com ela vêm de brinde dois guardanapos ralos.

sentada sob uma árvore, posso ver o reflexo da luz verde no espelho d’água da Redenção. lembra um antigo vestido longo de lurex, entrecortado por pernas que atravessam o cenário. sons de ônibus que freiam e carros que buzinam parecem fazer parte de uma outra urbanidade – mas estão ao fundo, apontando o lugar para onde devo voltar.

fragmentos de conversas compõem ambientes que não me pertencem. outros sujeitos, que desconheço, e que movem esta cidade. um homem quase albino, um casal de mulheres, um garotinho com tênis que piscam. o dia indo embora, nesta hora em que a luz é deslumbrante, e os nacos das histórias dos outros pousados na areia, entre a Osvaldo Aranha e a João Pessoa.

8 comentários:

Anônimo disse...

Gosto muito de colecionar esses fragmentos de memória: caminhar muito em busca de um pequena sombra, sentar nos bancos verdes, olhar os movimentos, as cores, os amores, tomar um chimarrão quente e perceber as semelhanças entre tanta diversidade... Como é bonita essa diversidade! :)

Débora Elman disse...

E inventar as historinhas com os pedaços das conversas e com o jeito do papo...

Alex Primo disse...

Que saudade da redenção! Quando morava ali perto, meia volta eu era visto carregando livros e uma cadeira de praia em plena manhã de segunda. Achavam que eu estava matando trabalho!

Rosamaria disse...

cuidado com a leptospirooose!!!

é bom a gente ficar cuidando o movimento dos outros, sem dizer nada, só matutando.
quem, como tu, sabe escrever, é um prato cheio.
bjim.

Carlos Eduardo Carrion disse...

Lindo, parece um trecho do Calígula do Camus!

LU K. disse...

ahhhh... agora me bateu uma saudade lá do parque farroupilha, dos dias em que eu ia tomar chimarrão lá... e ficava atrás de um cantinho de sol para me esquentar.
coisa boa! :)

MC disse...

tenho ido taaanto pra lá. tomado chimarrão, sentado nos bancos verdes, embaixo das árvores, sendo arrastada pelo Tugo... aaahhh, coisa boa :)

Anônimo disse...

Descobrí a Redenção logo que cheguei em Porto-Alegre. Foi o primeiro momento em que me sentí abraçada pela cidade e digo sempre... para ser perfeita, só falta ter praia (hehehe)