é tão improvável que a Coca esteja gelada, naquele carrinho redondo parado no meio do sol. mas está e custa dois reais. a tampa da lata está suja, e com ela vêm de brinde dois guardanapos ralos.
sentada sob uma árvore, posso ver o reflexo da luz verde no espelho d’água da Redenção. lembra um antigo vestido longo de lurex, entrecortado por pernas que atravessam o cenário. sons de ônibus que freiam e carros que buzinam parecem fazer parte de uma outra urbanidade – mas estão ao fundo, apontando o lugar para onde devo voltar.
fragmentos de conversas compõem ambientes que não me pertencem. outros sujeitos, que desconheço, e que movem esta cidade. um homem quase albino, um casal de mulheres, um garotinho com tênis que piscam. o dia indo embora, nesta hora em que a luz é deslumbrante, e os nacos das histórias dos outros pousados na areia, entre a Osvaldo Aranha e a João Pessoa.
8 comentários:
Gosto muito de colecionar esses fragmentos de memória: caminhar muito em busca de um pequena sombra, sentar nos bancos verdes, olhar os movimentos, as cores, os amores, tomar um chimarrão quente e perceber as semelhanças entre tanta diversidade... Como é bonita essa diversidade! :)
E inventar as historinhas com os pedaços das conversas e com o jeito do papo...
Que saudade da redenção! Quando morava ali perto, meia volta eu era visto carregando livros e uma cadeira de praia em plena manhã de segunda. Achavam que eu estava matando trabalho!
cuidado com a leptospirooose!!!
é bom a gente ficar cuidando o movimento dos outros, sem dizer nada, só matutando.
quem, como tu, sabe escrever, é um prato cheio.
bjim.
Lindo, parece um trecho do Calígula do Camus!
ahhhh... agora me bateu uma saudade lá do parque farroupilha, dos dias em que eu ia tomar chimarrão lá... e ficava atrás de um cantinho de sol para me esquentar.
coisa boa! :)
tenho ido taaanto pra lá. tomado chimarrão, sentado nos bancos verdes, embaixo das árvores, sendo arrastada pelo Tugo... aaahhh, coisa boa :)
Descobrí a Redenção logo que cheguei em Porto-Alegre. Foi o primeiro momento em que me sentí abraçada pela cidade e digo sempre... para ser perfeita, só falta ter praia (hehehe)
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