que nome dar a um sentimento que atravessa o tempo, renascendo em intervalos irregulares apenas porque se recusa a partir? que nome dar às sensações que permanecem vivas na memória e no calor dos corpos? o que é isto, que se recusa à morte ou ao esquecimento?
dicionários são pequenos para descrever um sentimento que está além das palavras – que pode ser enunciado, mas não à altura do que vibra na alma. na imensidão da vida, existe uma espécie de solidão em reconhecer esta incapacidade de dizer o que um olhar, um som e uma saudade são tão eficientes em conter. e talvez apenas o silêncio carregue a verdade em sua forma mais pura. o silêncio, guardado em si mesmo para quando nomear já não seja tão perigoso.
ou, como diz Fernando Pessoa:
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
6 comentários:
Lindo.
Denso.
Cheio de vida.
Aprender-te é mais que gostar de ti.
Saber-te, um privilégio.
E, entre o querer e a sorte (que só a poucos se concede), me entrego a uma noite de sono estenuado, cansaço que demorou a ser sono por não querer dormir. Só pra tentar guardar, vivos, sons, cheiros, sensações, lembranças; prazeres que a noite revela e que o dia dilui.
Quem sabe, dormindo mais tarde, o dia demore mais a chegar.
Bj
Rogério
que lindo texto, adorei!!!
tem certos sentimentos que nao sao possiveis descrever com palavras, dizer que ama as vezes parece pouco diante do que se sente...
e as pessoas, Fernando, e as situações, e os poetas... como é bom ter o cofre cheio!
Ôps.
uau!
lindo demais, pinta! com certeza tem coisas que a gente não encontra palavras pra dizer. pode ser muito mais que amor.
bjim.
Pintinha...
Se nem tu achas as palavras, imagina nós, pobres mortais!
Teu "tanto" é infinitamente tocante. Bonito. Bem-dito!
Gente, é isso mesmo!
(pausa para meu silêncio)
um beijo
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