17 outubro 2008

outubro

arrumando minhas coisas, encontro poemas de Nei Duclós, cuja escrita admiro tanto.


Carta ao amigo

(Nei Duclós)

Embora não acredites
estou tão habitado
que pareço um mar

Não só pelos peixes que possuo
das mais variadas espécies
não só pelas aves que me
sobrevoam
Mas também pelas ilhas de
corais
pelos arrecifes, pelos
icebergs que em silêncio
navegam seus volumes submersos
E principalmente
pela quantidade de rios
que deságuam em mim

Estás longe
e lembrei teus olhos
cheios de medo e desconfiança
Hoje está chovendo

Quando chover
sei que vais sentar um pouco
reler teus manuscritos do
tempo do colégio
e tentar fazer coisa nova
ou pior, sonhar com eles
até que um vazio incômodo
te derrube por terra

Quando chover, em vez de
chorar
lembra de mim
que não cedi um palmo

3 comentários:

Caco disse...

Marcia,

que bacana! Toda vez que venho ao teu blogue aprendo uma coisa nova. :-)

bjs

Anônimo disse...

Costumo pensar que, a partir de outubro, estamos fadados a ser feliz mesmo com o verão porvir. Esse poema só me fez reiterar isso. ;)

Nei Duclós disse...

Marcia: você sempre traz Outubro à tona. O livro volta junto com tuas lembranças, tua paixão pela poesia, tua ligação com estes poemas. Acompanho essa viagem, agradecido. Um beijo.