23 janeiro 2011

quem sabe?

este blog é um sobrevivente. resiste estoicamente à crueldade do abandono. foi trocado pelo twitter, pelo facebook, pelo trabalho, pelas viagens, pelas experiências na cozinha, pelos livros, pela vida de todas as formas. mas ele não é substituível. cada coisa tem o seu lugar, e o lugar de um blog é a vontade de escrever.

tenho pensado muito nestas lógicas intermitentes do escrever. por que deixamos de atualizar um blog pessoal? não há uma resposta adequada para razões tão díspares. não temos tempo, ou não temos inspiração, ou estamos focados em outra coisa. receio, porém, que a verdade esteja em outro patamar: um blog cria uma espécie de obrigação. se você faz um post legal, então todos os posts teriam que ser legais. se você recebe um elogio, tudo que escreve teria que ser merecedor de um elogio. e, vamos admitir, não somos assim tão maravilhosos - pelo menos não todos os dias.

então você até pensa em escrever algo, mas... para quê? não vai ficar tão bom como você gostaria que ficasse. não vai mudar o mundo como você gostaria que mudasse. não vai fazer a diferença. acabamos reféns de uma obrigação que só existe mesmo na nossa mente. e esta autoexigência faz com a gente se cale.

também existe outra razão. temo que as mudanças interiores, pelas quais nunca deixamos de passar, embotem a escritura. de algum modo, não queremos expor determinadas emoções. não queremos partilhar angústias, ou tédios, ou dramas particulares. e então o blog apenas sobrevive, com um post (ou muito objetivo ou muito enigmático) a cada dois ou três meses. 

não sei se, no meu caso, isto vai mudar em 2011. mas sei que deveria mudar, porque escrever é bom. escrever faz bem, não importando muito o que vai pensar aquele nosso leitor imaginado. aquele leitor para quem se escreve, aquele leitor que se quer agradar, reter, fazer voltar. quem sabe?

9 comentários:

Rogério Christofoletti disse...

Mas aí é que está, menina!
Tentar, tentar, tentar e "cometer" algum post... é assim que se sobrevive, é assim que se vai adiante.
Este seu post - ou seu antipost - é um bom exemplo. Você se angustia, se revela, se esconde e se mostra a cada linha, a cada frase. Os bons cronistas sempre recorrem a esse expediente: quando falta assunto para a crônica, usam desta aparente falta de assunto para falar sobre a crônica, sobra a vida, sobre a falta de inspiração, sobre a inércia da vida... E não é bom? Claro que é.
Na real, o importante não é o destino, a chegada, mas a viagem. Enjoy it!

Patricia disse...

Sei... a vida por aqui anda meio assim e o meu blog tb deu uma parada em 2010!

:)

Fred Tavares disse...

"...e o lugar de um blog é a vontade de escrever"... !!! bj

Dalys disse...

escrever é bom. escrever faz bem.

a quienes esperamos tus post, pero lo más importante es que lo difrutes tú.

un beso

Cida disse...

Pintinha

Penso que o ideal é fazermos o que estamos com vontade.
Pode ser que alguns posts teus que nem gostes tanto consigam mexer com uma pessoa e ajudá-la de alguma forma, então, se gostas de escrever, por que não colocar pra fora o que quiseres e o que for prazeiroso para ti?
Da parte dessa tua fã me faz um bem danado quando tem algumas linhas tuas por aqui. Quando não, imagino que estás em outras "ondas" vivendo e aproveitando o que essa vida tem de melhor.
Um excelente 2011 para ti.

Carlos Ribeiro disse...

Olá, parabéns pelo teu blog!

Pois eu criei o meu para uma cadeira Estudo de Comunidades e Usuários da Professora Ida Stumpf.

O blog foi crescendo e com ele meu tempo livre foi sumindo aos poucos.

Minha filha nasceu e o blog começou a roubar as minhas madrugadas.

No final, quase rodo na cadeira da Professora Ida por causa do blog!

Tudo em nome da responsabilidade que tu falas. Mas, no meu caso, acho que tem um pouco de perfeccionismo, também. E, claro, porque gosto de blogar.

Abraços!

Paula disse...

Numa conversa sobre essa grande questão da humanidade atualmente, blogar ou não blogar, mr Igor Natush soltou uma boa máxima. Para além dos nossos perfeccionismos e vaidades paranoicas, o blog é uma obra um post por vez. E assim não merece sofrer com o peso de todos os outros posts maravilhos (ou vergonhos) que escrevemos, apenas com o post da vez.

Rosamaria disse...

como disse a Paula, um post por vez, pra mim sempre bons e bem escritos. o que vale é chegar aqui e te encontrar.
bjim, pinta.

Caco disse...

continue o blogue, sim!
no teu próprio ritmo.
e sem cobrancas. ;-)
bjs